Crítica 2D | O Doador de Memórias

Um bom filme, que poderia ser muito mais.
Um bom filme, que poderia ser muito mais.

Título Original: The Giver
Lançamento: 11 de setembro de 2014
Gênero: Fantasia, Ficção Científica, drama.
Elenco: Brenton Thwaites, Jeff Bridges, Meryl Streep, Katie Holmes, Odeya Rush, Alexander Skarsgård, Taylor Swift.
Direção: Phillip Noyce .
NOTA:

Lançado há 20 anos atrás, o livro "O Doador" era sempre lembrando quando se tratava do assunto "livro distópico". Conhecido por poucos, a obra de Louis Lowry encontrou uma boa época para emergir ao conhecimento mundial. Aproveitando o grande momento de adaptações literárias para o cinema, Hollywood decide aproveitá-lo para "competir" com os livros e adaptações bem sucedidas com o público adolescente.

A trama de O Doador de Memórias consiste em um certo enredo básico: um adolescente vivendo em uma comunidade aparentemente perfeita, descobrindo, então, ser diferente - o que pode mudar o mundo à sua volta. É claro que logo nos vem à mente Jogos Vorazes e Divergente, o que ironicamente não deveria acontecer. O filme acaba mostrando-se muito mais crítico em relação à humanidade e a força de vontade que a movimenta. Diferente destes já renomados filmes-teen, O Doador de Memórias não baseia-se apenas ao totalitarismo governamental, como acontece na franquia Jogos Vorazes, muito menos na luta pelo poder, presente em Divergente.

O protagonista Jonas, interpretado perfeitamente por Brenton Thwaites, é o escolhido para ficar encarregado de armazenar as memórias da humanidade [passando a sabedoria para a comunidade, quando o atual não puder mais] e, para isso, passa por um intenso treinamento para saber se é digno de tanta responsabilidade. Nestas "transferências" de memórias, ele começa a conhecer o que é ser humano - sentindo dores, amando, sofrendo e conhecendo o ódio. Sentimentos estes que são eliminados dos membros desta sociedade através de um "medicamento" obrigatório.

O que determina Jonas, então, é querer mostrar o que é sentir de verdade. Como é ver o mundo do jeito que fomos acostumados a ver um dia. Este detalhe, aliás, traz uma metáfora interessantíssima, quando assistimos ao filme em preto-e-branco, da maneira como esta sociedade enxerga a vida. Esse cuidado gráfico é realizado de maneira bem promissora pelo diretor, que deixa a ação frenética (como fez em "Salt") e o romance insípido de lado, para dar espaço à questões filosóficas, que abordam a maneira como uma sociedade pode ser conduzida para que o mal da raça humana "desapareça".

Será mesmo que a humanidade mereceria uma segunda chance? Quem são os verdadeiros vilões e quem deveriam ser os mocinhos? Estas são abordagens que diferenciam esta história das outras... Mesmo que ótimas, elas não atingem uma profundidade digna de algo mais artístico. A trama adolescente desperta uma falha na sincronia bela apresentada de início. O diretor tivera um texto com um potencial incrível em mãos, mas acabou perdendo a oportunidade de fazer um filme memorável - talvez pela cobrança de seus produtores em trazer um filme que lucre mais do que encante.

Mesmo assim, o elenco faz jus ao peso que tem. Thwaites, mesmo que já adulto, convence perfeitamente como adolescente e impõe carisma e emoção ao seu personagem. Meryl Streep e Jeff Bridges dispensam comentários, com suas confiantes e fortes atuações. Os personagens coadjuvantes, porém, sofrem com a falta de profundidade - que é imposta somente ao protagonista. A participação de Taylor Swift, aliás, não decepciona e a cantora consegue passar certa emoção em sua personagem - que tem pouco tempo para ser lembrada. O talento de cada um, porém, é desperdiçado de certa forma.

O Doador de Memórias, afinal, tem mais pontos positivos do que negativos. Ele consegue passar a emoção necessária com uma narrativa bem fluída e profunda, mas acaba pecando ao tentar abocanhar o público adolescente, que não condiz muito com o texto em questão e o torna pouco complexo. É um filme esteticamente bem trabalhado, com metáforas que funcionam, ideais únicos e boas reflexões sobre a vida. Mesmo que acabe não sendo uma verdadeira obra de arte, é muito mais inteligente e interessante do vários dos lançamentos do gênero.
Próxima
« Anterior
Anterior
Próximo »

POLÍTICA DE COMENTÁRIOS: O CINEVERSO é um espaço público e coletivo. Todos os comentários e opiniões são muito bem-vindos, mas para que tenhamos um ambiente agradável, precisamos respeitar os princípios básicos da boa convivência. Quaisquer comentários ofensivos, que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP, invasão de privacidade pessoal/familiar a qualquer pessoa, ou que não estejam de acordo com os assuntos tratados no site, serão excluídos e o autor dos mesmos estará sujeito a banimento. Caso você veja algum comentário ofensivo, que você acha que precisa ser eliminado, por favor, sinalize-o para os moderadores do site. Desde já agradecemos a sua colaboração! ConversionConversion EmoticonEmoticon